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Corrida no Ar

A corrida é democrática: você pode competir ao lado do recordista mundial

Sérgio Rocha

05/02/2019 04h00

Crédito: iStock

Eu admito que se você quiser, correr é caro. Tem tênis de corrida que custa na faixa de R$ 1.000. Tem provas que tem inscrições na faixa de R$ 200.
Suplementos que custam os olhos da cara. Fones de ouvido sem fio que custam uma fortuna. Relógios com GPS na faixa de R$ 1500. Roupas super tecnológicas com valores astronômicos. Assessorias esportivas, fisioterapia preventiva etc.

Se você somar tudo, gasta uma tremenda grana.Daí vem a questão. A corrida é democrática? Por que tanta gente fala isso? É porque a corrida é realmente um esporte simples. Você não precisa de parceiros. Não precisa alugar quadra. Não precisa comprar bola, raquete, capacete. Você só precisa de um par de tênis minimamente adequado para sair correndo por ai.

Se você quer começar a correr pode usar até camiseta de time de futebol e bermuda de surf. Até o tênis é opcional –tem gente que corre de chinelo, outros correm até de Crocs (não é o meu caso). E essa é a democracia da corrida. Qualquer um pode correr. Gordo, magro, feio, bonito, rico, pobre. E você pode correr do jeito que você quiser.

Aliás, a corrida pode ser do jeito que você quiser –pode ser supercomprometida com resultados ou não ter compromisso nenhum. você pode correr rápido ou correr devagar. É você que decide isso. Não quer correr uma prova? Não corra. Quer correr uma maratona? Corra. Quer correr sério, treinando com dedicação?

Você faz se você quiser. A democracia da corrida está em outras coisas que poucos notam. Na largada de uma prova de 10 km você vê tudo quanto é tipo de gente. Tem o patrão e o funcionário. Tem a engenheira e o eletricista. Tem a doutoranda em comercio exterior e tem quem sequer completou o ensino médio.

A corrida não faz ninguém melhor do que ninguém. Tirando os verdadeiros competidores, os atletas de elite que disputam a vitória, a conquista de um corredor amador é bater seu recorde pessoal ou simplesmente fazer o seu melhor.

Aliás, quer mais um exemplo de democracia? Você pode ser apaixonado por tênis e jogar a vida toda, acompanhar todos os eventos, mas você, como tenista amador, jamais vai disputar Roland Garros. Você pode jogar futebol a vida toda, ter o seu time de coração, acompanhar todos os campeonatos, mas você jamais vai jogar em um Fla-Flu no Maracanã. Já na corrida, isso é diferente. Você pode estar alinhado para correr a Maratona de Berlim como atleta amador, assim como os atletas de elite e ao final ter participado da mesma prova em que um desses atletas bateu o recorde mundial da distância. Isso é uma coisa que só a corrida pode te proporcionar.

Quer esporte mais democrático que esse?

Sobre o autor

Sérgio Rocha começou a correr para perder peso há 20 anos e nunca mais parou. Nesse caminho, já completou muitas maratonaS, meias-maratonas e incontáveis provas de 10 km. Como profissão, era diretor de arte, mas sempre escrevia um texto aqui e outro ali nas revistas em que trabalhou. Em 2013, criou o canal no YouTube “Corrida no Ar”, que é hoje um dos maiores do segmento. Sérgio também apresenta o programa “Corre 89”, na Rádio Rock de São Paulo, junto do radialista PH Dragani. O programa vai ao ar todos os domingos, às 20h.

Sobre o blog

Este é um espaço para falar sobre o esporte de forma geral, dando dicas, cobrindo provas, escrevendo análises de produtos do mundo esportivo e, por vezes, também fazendo questionamentos que vão ajudá-los a olhar a corrida sob uma nova perspectiva.

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