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Corrida no Ar

Deu bolha no pé, mas quero correr. E agora?

Sérgio Rocha

20/11/2018 04h00

Crédito: iStock

 

 

 

 

 

Eu já ouvi alguém dizer a seguinte frase: "Quem corre e nunca teve bolha no pé, nunca correu de verdade." Achei esse comentário meio maldoso, acredito que não dá para generalizar assim, mas bolha no pé é algo que a grande maioria dos corredores já teve, principalmente quando começa a arriscar distâncias maiores. Tem gente que nunca teve bolha nos pés ao correr até 10 km, por exemplo, mas quando passa para 15, 20, 25 km, elas podem aparecer.

O que causa as bolhas nos pés?

  1. Fricção ou atrito repetitivo em uma região determinada do pé;
  2. Atrito da pele do pé com a meia e com o tênis;
  3. Em quem corre sem meias, é do atrito do pé com o tecido do tênis.

Quando a pele sofre um atrito com alguma superfície como um sapato apertado, por exemplo, ela se irrita e acontece um descolamento entre duas de suas camadas: a epiderme, camada mais superficial da pele, e a derme, logo abaixo dela. Nosso sistema imunológico logo é ativado, o cérebro dá a ordem para aumentar o fluxo sanguíneo no local afetado, os vasos se dilatam e deixam extravasar a parte transparente do sangue, um líquido que se acumula entre a epiderme e a derme. Pronto, está formada a bolha.

O líquido é a parte transparente do sangue, nele estão mergulhadas células inflamatórias, cuja função é justamente a de defender o corpo de agentes invasores, como as bactérias que aparecem na região machucada. Ele, portanto, ajuda a evitar infecções.

Resumindo, a bolha nada mais é do que uma forma de evitar que bactérias causem o agravamento do ferimento. Se, mesmo com a proteção as bactérias atacarem, o corpo envia mais glóbulos brancos, que são células de defesa. Eles vão agir no ferimento para que ele não aumente e para combater bactérias e outros agentes que podem invadir o machucado para evitar infecções.

Como evitar o aparecimento de bolhas?

  1. Você precisa usar o tamanho adequado de calçado. Com tênis de corrida, a gente precisa sempre usa um número a mais do que usamos nos sapatos comuns, porque o pé se expande quando corremos. Se o calçado está justo, quando o pé expandir vai ficar apertado, e o atrito provavelmente vai gerar bolhas.
  2. Se você usa tênis do tamanho correto, tome cuidado ao amarrar. Não deixe nem muito apertado, nem muito solto, senão pode gerar algum tipo de atrito – e daí…Bolhas.
  3. As meias não devem ser nem de tecido 100% sintético, nem 100% algodão.
  4. Se você já é bem precavido, mas mesmo assim aparecem bolhas, você tem algumas alternativas. É possível proteger a região onde as bolhas insistem em aparecer com micropore, esparadrapo, band-aid, vaselina, ou produtos específicos, como Chamoix ou Redless, da Pink Cheeks, que criam uma camada em cima da pele protegendo e ajudando o tecido a deslizar sem causar atrito.

Mas e quando a bolha aparece? O que fazer?

Bom, eu disse que o líquido que fica entre a derme e epiderme é um liquido importante e ele está para ajudar na recuperação daquilo que você fez. Sabendo disso, evite estourar a bolha!

Mas também não dá para treinar com esse incomodo no pé, não é? Em um mundo perfeito a gente não estouraria a bolha, mas na vida real de um correr não dá para deixar ela lá.

Então minha dica é a seguinte: estoure a bolha direito, usando uma agulha ou alfinete esterilizado. Espete cuidadosamente a bolha e faça a drenagem do líquido. Você sabe que vai ficar um pouco dolorido, a derme ainda está sensível. E lembre-se de em hipótese alguma retirar a epiderme. Cubra a epiderme, com um curativo -que pode ser feito com micropore, esparadrapo e gase, band-id-, e quando for correr passe vaselina ou produto equivalente para a meia e o tênis deslizarem pelo curativo sem causar problemas.

Sobre o autor

Sérgio Rocha começou a correr para perder peso há 20 anos e nunca mais parou. Nesse caminho, já completou muitas maratonaS, meias-maratonas e incontáveis provas de 10 km. Como profissão, era diretor de arte, mas sempre escrevia um texto aqui e outro ali nas revistas em que trabalhou. Em 2013, criou o canal no YouTube “Corrida no Ar”, que é hoje um dos maiores do segmento. Sérgio também apresenta o programa “Corre 89”, na Rádio Rock de São Paulo, junto do radialista PH Dragani. O programa vai ao ar todos os domingos, às 20h.

Sobre o blog

Este é um espaço para falar sobre o esporte de forma geral, dando dicas, cobrindo provas, escrevendo análises de produtos do mundo esportivo e, por vezes, também fazendo questionamentos que vão ajudá-los a olhar a corrida sob uma nova perspectiva.

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