Mais uma fornada do VaporFly 4% Flyknit da Nike chegou no mercado no final do mês passado e o tênis se esgotou em minutos.
Esse é um tênis muito desejado.
A começar por ter sido usando no project "Breaking2" em que o Eliud Kipchoge ficou próximo de baixar de 2 horas na maratona e por ser um tênis que está no pé dos vencedores de praticamente todas as maratonas importantes nos últimos dois anos.
Só no ano passado, vimos o recorde mundial da meia, maratona e quase dos 10 km e no pé do pessoal, o tal VaporFly 4%.
Teve até casos de atletas patrocinados por outras marcas usando o VaporFly e camuflando o tênis.
E entre os amadores? Rolou uma excelente reportagem do New York Times (leia aqui) que analisou profundamente dados do Strava (uma rede social que reúne milhares de ciclistas e corredores que compartilham seus treinos lá) e constatou que muitos atletas amadores melhoraram seus tempos em maratona usando VaporFly.
Muito dessa "melhora" deve-se ao fato do tênis possuir uma placa de fibra de carbono por toda a sua extensão que faz com que o tênis tenha uma propulsão maior e acaba fazendo com que o atleta gaste menos energia para correr – que seriam os tais 4% de economia.
Ao mesmo tempo que o tênis tem essa propulsão, ele não é um tênis baixo, como tipicamente os tênis de competição são e é por isso que a
Nike conseguiu fazer na corrida algo que é muito comum em outros esportes – fazer com que os atletas amadores queiram usar o mesmo tênis que o atleta profissional usa. O tênis do Michel Jordan, a chuteira do Messi, o VaporFly do Kipchoge (recordista mundial da maratona).
Eu não testei esse tênis – a Nike não mandou pra mim nem a primeira versão, então eu não tenho opinião formada sobre a performance dele, mas falei com alguns atletas e treinadores e a coisa é meio que unânime – as pessoas dizem o tênis realmente te empurra pra frente, que é mais fácil correr com ele e a sensação de fadiga é menor do final das provas, mesmo você correndo mais rápido do que você faz normalmente.
Agora dois pontos importantes destacados pelos treinadores – os atletas que correm com esse tênis são aqueles que correm de 4:30 min/km pra baixo nos 10 km, cara que faz meia maratona pra baixo de 1h40, maratona de 3h30 pra baixo – ou seja, atletas amadores rápidos.
Outra coisa é o lance que o próprio Eliud Kipchoge diz – o tênis ajuda, mas você ainda tem que correr rápido, ou seja, você tem que treinar regulamente – nenhum tênis faz milagre
O desgaste do tênis é reconhecidamente rápido, então é um modelo que você deverá guardar para usar apenas em competições.
Agora o ponto complicador nesse história toda é o valor do tênis aqui no Brasil – R$ 1400.
Esse é o valor que você tem que pagar para ter o benefício desse tênis.
Você está disposto a isso?
Quem comprou e usa disse que vale cada centavo e que compraria de novo.
Mas o problema aí é simplesmente que nem todo mundo pode ou está disposto a pagar R$ 1400 em um tênis de corrida.
Nos EUA, ele custa US$ 250, o que daria por volta de R$ 1 mil com IOF, então os R$ 400 a mais é o tal custo-brasil – impostos, carga tributária, etc
O último tênis da Nike em que fiz review no canal que tenho no YouTube, o Corrida no Ar, foi o Epic React e já foi dolorido pagar R$ 699 nele.
Pra mim é totalmente fora de cogitação pagar R$ 1.400 em um tênis de corrida – mesmo que ele pudesse me ajudar a correr mais rápido ou bater meu recorde pessoal em alguma prova.
Você pagaria?