A polêmica das medalhas especiais para homens e mulheres
Sérgio Rocha
06/08/2018 04h00
Crédito: iStock
Caso você não saiba, há dois circuitos de provas que dão medalhas especiais para os corredores mais rápidos: o Run Cities e o Golden Run Asics.
O Circuito Run Cities tem meias-maratonas no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo –a etapa de São Paulo inclui uma prova de 42 km, a São Paulo City Marathon. Já a Golden Run Asics tem provas de 21 km em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.
Esses circuitos oferecem uma medalha especial para os 100 primeiros homens e, no caso da Run Cities, 30 são para as primeiras mulheres, e no caso da Golden Run, 20 são destinadas a elas. Em ambos casos, a elite não conta. São medalhas especiais apenas para os atletas amadores e são chamadas de Top 100, Top 30 e Top 20.
Isso é algo que acontece há algum tempo, mas o tom das reclamações vem aumentando em relação a essa diferença no número de medalhas especiais entre homens e mulheres. E faz sentido, claro. Por que diferenciar os homens das mulheres? O correto não seria ter medalhas Top 100 para os dois? Isso não seria uma forma de machismo?
Antes de eu dar a minha sugestão do que deveria ser feito, eu gostaria de contar um pouco a história do surgimento das medalhas Top 100.
Elas surgiram no finado Circuito Golden Four Asics, nos idos de 2011. A ideia foi inspirada na Comrades, a maior ultramaratona do mundo e que rola na África do Sul. Lá, dependendo do seu tempo de conclusão, você ganha uma medalha especial.
O circuito Golden Four Asics tinha como mote a performance e por isso os percursos eram basicamente planos e com largada cedo. A marca então decidiu dar um incentivo especial para os atletas amadores: oferecer uma medalha banhada a ouro para os primeiros 100 colocados por ordem de chegada, exceto os atletas de elite.
Bom, depois de dois ou três anos de circuito, começaram a rolar reclamações das mulheres, que afirmavam que era muito difícil conseguir a medalha top 100. Em São Paulo era realmente muito difícil, mas nas outras etapas era um "pouco menos". Portanto, a Asics decidiu criar a categoria Top 20 para mulheres, uma espécie de "puxadinho".
Então, ao contrário do que as mulheres têm pensado sobre o atual estado da coisa, as medalhas top 20 ou top 30 surgiram para incluí-las. E é exatamente nesse ponto que considero um equívoco. Se era para ter incluído as mulheres nessa história, deveria ter sido feito algo igual desde o princípio, por que o que vemos agora é a sensação de que há machismo por parte da organização. Não é machismo, mas está claro que a coisa não pode e não deveria continuar assim.
Eu, pessoalmente, acho que o lance de agraciar os cem primeiros colocados da prova muito bacana, mas deveria ser dividido em Top 50 para homens e Top 50 para mulheres.
Qual seria a sua sugestão? Eu adoraria saber.
Sobre o autor
Sérgio Rocha começou a correr para perder peso há 20 anos e nunca mais parou. Nesse caminho, já completou muitas maratonaS, meias-maratonas e incontáveis provas de 10 km. Como profissão, era diretor de arte, mas sempre escrevia um texto aqui e outro ali nas revistas em que trabalhou. Em 2013, criou o canal no YouTube “Corrida no Ar”, que é hoje um dos maiores do segmento. Sérgio também apresenta o programa “Corre 89”, na Rádio Rock de São Paulo, junto do radialista PH Dragani. O programa vai ao ar todos os domingos, às 20h.
Sobre o blog
Este é um espaço para falar sobre o esporte de forma geral, dando dicas, cobrindo provas, escrevendo análises de produtos do mundo esportivo e, por vezes, também fazendo questionamentos que vão ajudá-los a olhar a corrida sob uma nova perspectiva.