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Norueguês de 26 anos faz história na Maratona de Fukuoka

Sérgio Rocha

11/12/2017 09h47

Quem acompanha de perto as grandes maratonas do mundo tomou um susto quando soube o nome do vencedor da Maratona de Fukuoka, no Japão, no último domingo (3): Sondre Moen.

Pois é, eu também me assustei e não foi só com a vitória mas também com o tempo: 2h05min48. Não é um "tempaço", afinal de contas hoje em dia já ficou comum ver tempos na casa de 2h03min e 2h04min. Mas esse obtido por Moen, um norueguês de 26 anos, é o novo recorde europeu e o tempo mais rápido feito por um não-africano na história (temos que desconsiderar a quarta colocação do norte-americano Ryan Hall em Boston, em 2011 –02h04min58–, pois a prova não é qualificada para obtenção de recordes, de acordo com a Confederação Internacional de Atletismo, a IAAF). Até então, o melhor tempo era do brasileiro Ronaldo da Costa, conquistado na Maratona de Berlim, em 1998, com 2h06min05, recorde mundial na época.

Sondre Moen na Fukuoka Marathon | Reprodução/Instagram @sondrenmoen

O feito de Moen gerou suspeitas que são justificáveis, já que o atletismo mundial tem sofrido muito com a revelação de vários casos de doping nos últimos anos.

Quando busquei o histórico do atleta na IAAF, vi que ele teve um 2017 extremamente positivo, com melhoras consideráveis nos 10.000 metros (28min15 em Ostrava) e na meia-maratona (59min48 em Valência), fechando o ano com essa chave de ouro na Maratona de Fukuoka.

Mas foi exatamente esse ano de ouro que gerou a suspeita. O que esse cara fez em 2017 para ter esses resultados? A resposta eu encontrei no site Letsrun.com, que tem um excelente fórum de discussão sobre atletismo e corrida de rua.

Foi lá que eu soube de algo fascinante: em janeiro de 2017, Sondre Moen partiu de mala e cuia para Iten, no Quênia, local onde são "criados" 99.9% dos campeões quenianos. Ele ficou cerca de 230 dias vivendo a vida simples e dura, abdicando de luxos, treinando em altitude, comendo e dormindo sob a batuta do já conhecido treinador italiano Renato Canova.

O resultado foi esse que vimos em Fukuoka. Moen me deu um grande exemplo do que se pode alcançar quando você sai em busca de algo especial. Abdicar de luxos, treinar onde os melhores treinam e duro como eles e viver a vida simples de atleta pode produzir lições para a vida –e não só para a sua.

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Sobre o autor

Sérgio Rocha começou a correr para perder peso há 20 anos e nunca mais parou. Nesse caminho, já completou muitas maratonaS, meias-maratonas e incontáveis provas de 10 km. Como profissão, era diretor de arte, mas sempre escrevia um texto aqui e outro ali nas revistas em que trabalhou. Em 2013, criou o canal no YouTube “Corrida no Ar”, que é hoje um dos maiores do segmento. Sérgio também apresenta o programa “Corre 89”, na Rádio Rock de São Paulo, junto do radialista PH Dragani. O programa vai ao ar todos os domingos, às 20h.

Sobre o blog

Este é um espaço para falar sobre o esporte de forma geral, dando dicas, cobrindo provas, escrevendo análises de produtos do mundo esportivo e, por vezes, também fazendo questionamentos que vão ajudá-los a olhar a corrida sob uma nova perspectiva.

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