Topo

Corrida no Ar

E se a gente trocar o gel de carboidrato por salame nos treinos e corridas?

Sérgio Rocha

19/02/2018 04h00

corrida no ar

Crédito: iStock

Será que o mundo acabaria se nós parássemos de usar gel de carboidrato nos treinos longos e provas?
Já tem algum tempo que tenho feito isso — eu como rodelas de salame em vez de usar gel de carboidrato para manter o meus nível de energia durante o treino. E olha que deu muito, muito certo. Os treinos longos têm ido muito bem, obrigado. Quando comentei sobre isso em uma foto no Instagram e no Facebook, descobri algumas coisas:
1) Tem muito mais gente que decidiu usar coisas mastigáveis nos treinos — não sou o único louco;
2) Há nutricionistas que não gostaram e não aprovam o uso de salame como repositor durante os treinos;
3) Existem nutricionistas que recomendam salame em vez do gel para os treinos.
Falei com um ex-treinador meu e ele me lembrou que alguns anos atrás havia maratonas que sequer água tinham, e que todo mundo levava algo para comer nas provas. E olha que era uma época em que o pessoal corria muito rápido — fazer maratona acima de 3h30 era motivo de chacota –, algo inimaginável hoje em dia.
Vamos refletir:
– Em treinos mais extensos é quase que imprescindível comer alguma coisa para manter o nível de energia;
– Se a gente precisa comer algo, por que tem de ser uma coisa que todos nós concordamos que não é realmente prazeroso? Vamos combinar: gel de carboidrato não é algo em que ficamos realmente ansiosos para consumir durante o treino. Não é gostoso. Se fosse gostoso para valer não teríamos que tomar água para descer. E mesmo que fosse bom você nem tem tempo para ficar curtindo algo como aquilo. A gente só lembra de usar o gel por obrigação.
Entendo a praticidade do gel, mas não curto muito mais tomar aquilo (principalmente depois de ter comido salame). É claro que levar comida para correr tem alguns desafios do tipo: onde vou carregar esse salame? Mas, veja bem, todo shorts possui um bolsinho e dá para colocar um ziplock pequeno com salame nele.
Voilá!
Algumas pessoas me falaram que levam queijo, azeitona, batata cozida e salgada em saquinho de gelinho e outras delícias para comer durante o treino.
Tem mais uma razão para você decidir por comida: é só fazer as contas. Uma embalagem de salame tem geralmente 16 fatias e custa, em média, R$ 8,30, sendo que só uso uma rodela para "reposição" a cada 10 km. Uma unidade de muitos géis custa por volta de R$ 7,50 e geralmente precisamos de pelo menos dois sachês para a mesma distância. Portanto, ao usar o salame em um treino de 30 km gasto R$ 1,03, enquanto com o gel, R$ 30. É "bão" até para o bolso!
Todo corredor ou corredora que se preza, ama correr. Por que a parte de comer durante a corrida não pode ser com algo que você também ame? Eu amo salame!
Só estou falando isso para você realmente pensar nessas coisas. Não quero convencer ninguém de nada. Se você vai a um nutricionista, converse com ele ou ela sobre isso. Eu vou continuar com as minha rodelas de salame!

Sobre o autor

Sérgio Rocha começou a correr para perder peso há 20 anos e nunca mais parou. Nesse caminho, já completou muitas maratonaS, meias-maratonas e incontáveis provas de 10 km. Como profissão, era diretor de arte, mas sempre escrevia um texto aqui e outro ali nas revistas em que trabalhou. Em 2013, criou o canal no YouTube “Corrida no Ar”, que é hoje um dos maiores do segmento. Sérgio também apresenta o programa “Corre 89”, na Rádio Rock de São Paulo, junto do radialista PH Dragani. O programa vai ao ar todos os domingos, às 20h.

Sobre o blog

Este é um espaço para falar sobre o esporte de forma geral, dando dicas, cobrindo provas, escrevendo análises de produtos do mundo esportivo e, por vezes, também fazendo questionamentos que vão ajudá-los a olhar a corrida sob uma nova perspectiva.

Corrida no Ar