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Corrida no Ar

É possível correr sem GPS no pulso?

Sérgio Rocha

21/05/2018 04h00

Crédito: iStock

Hoje em dia é muito comum ver pessoas correndo com GPS no pulso ou usando os GPS dos celulares para monitorar as corridas. Isso é bom ou ruim?

Olha, eu sou do tempo (corro há muito tempo mesmo…rs) em que não existia GPS. O que tínhamos era o tradicional relógio com cronômetro , com aquela cinta peitoral, os tais frequencímetros.

Frequencímetros são equipamentos que medem os batimentos cardíacos. Ele surgiram nos anos 1980 e ficaram muito populares nos anos 1990.

Muitos treinadores usavam exatamente o batimento cardíaco para determinar as faixas de treinamento, quantos batimentos você deveria estar em um treino leve, moderado e forte.

A marca mais comum de frequencímetro era o Polar. Ter um Polar no pulso já definia a pessoa como um corredor. Polar era como a Maizena. Você podia ter um frequencímetro de outra marca, mas todos chamavam de Polar.

O tempo foi passando e daí surgiram os relógios com GPS. Esses são extremamente úteis, pois dão para nós referências que o frequencímetro não dá: a velocidade, o ritmo e a distância que estamos correndo.

Para os treinadores, os GPS são uma maravilha –eles controlam todas as métricas de treinamento do aluno e ajudam demais o trabalho deles.

Logo, a marca pioneira dos GPS de pulso, a Garmin, passou a ser a Maizena da vez. Quando você vê alguém com Garmin no pulso significa que está diante de um corredor ou triatleta.

Os GPS são realmente úteis na sua função, mas não podemos esquecer que eles não são 100% precisos.

O maior exemplo disso é quando usamos os app de celular que utilizam GPS para dirigir: quantas vezes você não errou a entrada de uma rua pois ela não estava exatamente há 100 metros, como o app mostrava?

Muita gente confunde as coisa e chega a dizer que as provas tinham mais metros do que a distância proposta. A aferição das provas (se foi realmente aferida) é fruto de um procedimento bem chato e complicado em que se usa o caminho mais curto para determinar a distância percorrida.

O GPS de pulso não é 100% preciso e a margem de erro é sempre acumulativa, portanto, uma prova de 10 km que foi aferida oficialmente, deve marcar algo com 10,15 km.

O problema está realmente quando a marcação do GPS dá a menos. Aí, sim, temos a certeza de que a prova não deve ter sido medida.

Agora é o seguinte: conheço pessoas que se o GPS está sem carga, nem saem pra correr.

Não fique tão dependente dele: se o GPS está sem carga, saia para correr simplesmente por correr.

Tente lembrar o que é correr sem ficar olhando o relógio o tempo todo.

Correr olhando para as árvores, para as casas, prédios.

Romântico, né?

Bom, deixa eu colocar o meu GPS para carregar para eu não correr esse risco, pois eu não saio de casa sem o meu.

Sobre o autor

Sérgio Rocha começou a correr para perder peso há 20 anos e nunca mais parou. Nesse caminho, já completou muitas maratonaS, meias-maratonas e incontáveis provas de 10 km. Como profissão, era diretor de arte, mas sempre escrevia um texto aqui e outro ali nas revistas em que trabalhou. Em 2013, criou o canal no YouTube “Corrida no Ar”, que é hoje um dos maiores do segmento. Sérgio também apresenta o programa “Corre 89”, na Rádio Rock de São Paulo, junto do radialista PH Dragani. O programa vai ao ar todos os domingos, às 20h.

Sobre o blog

Este é um espaço para falar sobre o esporte de forma geral, dando dicas, cobrindo provas, escrevendo análises de produtos do mundo esportivo e, por vezes, também fazendo questionamentos que vão ajudá-los a olhar a corrida sob uma nova perspectiva.

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